O encontro digital entre as mídias sociais e tradicionais

Silvio Meira  é Cientista-chefe do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar); Kaike Nanne, Diretor do Núcleo de Revistas Semanais da Editora Abril; Marcelo Coutinho é Diretor do Ibope Inteligência; e Aloisio Sotero BPO da Dufry e presidente do Teleporto de Educação.

Convidados por mim, Manoel Fernandes, Publisher da Revista Bites, para colaborarem com o painel 1 do debate proposto pelo Wagner Fontoura, no Boombust, eu lhes pergunto:

“Faz algum sentido a afirmação de que a mídia como conhecemos ainda vai acabar?”

R – Marcelo Coutinho: “Já proclamaram que o rádio acabaria com o jornal, o videocassete com o cinema e a televisão não sobreviveria à internet. Vale lembrar isso porque na História da mídia uma inovação nunca acabou destruiu outra. O que existiu foi uma acomodação de tecnologias, conceitos e formas. Não creio que os veículos como conhecemos hoje irão desaparecer. É um erro pensar dessa forma. O que acredito é que haverá uma reformulação profunda em como a comunicação é feita. A mídia de massa onde um fala para muitos (broadcasting) fica mais frágil a cada dia. Em seu lugar apareceu o socialcast, modelo no qual muitos falam com muitos. E vejo movimentos da mídia que podemos chamar de tradicional no sentido de entender essa nova ordem e se ajustar da melhor forma a tudo o que está acontecendo.”

R – Kaike Nanne: “O bom conteúdo sempre terá leitores. Independente da plataforma que ele esteja sendo produzido: papel ou internet. Hoje fazemos revistas e acreditamos que esse veículo que transporta toda a informação que produzimos na Abril ainda terá uma vida longa. Nada impede que ela divida espaço com novos modelos que ainda estão sendo construídos. É muito cedo para identificar qual o melhor caminho a ser seguido, mas em toda a sua trajetória a Abril sempre teve uma crença de que o bom conteúdo é sempre o melhor diferencial para construir relevância entre os seus leitores. Esse é o nosso DNA. Você pode ser um expert em técnicas de indexação no Google, entender como poucos a lógica que permite aparecer nas primeiras páginas do serviços de busca ou até mesmo escrever utilizando palavras-chave. Mas, se o conteúdo não for bom, o leitor não construirá uma relação de fidelidade com a sua marca. Meu resumo é simples: sem o bom conteúdo não existe relevância. Tanto no mundo offline quanto online.”

R – Alosio Sotero: “Todo esse debate se resume a uma palavra: conversas. As pessoas querem se conversar e a mídia também sofre com a falta de diálogo. Ao escrever uma reportagem o jornalista que aqui chamaria de clássico imagina que aquele assunto terá relevância na agenda do leitor. O raciocínio é simples. De maneira empírica, o profissional escuta o “talk of the town” e o traduz na forma de conteúdo. Só que essa percepção hoje pode ser encontrada dentro das redes digitais de relacionamento, que muitos conhecem como redes sociais. A voz das pessoas está no Orkut, no Facebook, no MySpace e é para lá que a mídia deve olhar, como também as marcas tradicionais. Não sou jornalista, mas enxergo que o jornalista é o único em condições de entender e traduzir esse fenômeno para o restante da sociedade. Por isso, a mídia como existe hoje não vai acabar. Ela só precisa ser reinventada.”

R – Silvio Meira: “Vamos começar pelo final. A mídia tradicional já acabou. O que falta é encontrar algo para colocar no lugar. O que é não sei, mas precisa ser algo tão amplo e bem produzido como conhecemos hoje. Também defendo o conteúdo de qualidade. Como vamos empacotá-lo esse é um problema que a própria rede irá resolver.”

R – Manoel Fernandes: “Nesse aspecto gostaria de contribuir lançando para todos um conceito que defendemos dentro da Bites: o jornalismo de indexação. Acreditamos que podemos unir em um único espaço a qualidade editorial e as técnicas de indexação que permitem as pessoas nos encontrarem nos serviços de busca. Os jornalistas precisam lembrar que são jornalistas. São eles que apuram, contextualizam e entregam a notícia dentro de padrões de qualidade que o leitor ou internauta está acostumado. Só que isso, hoje não é mais suficiente. É preciso saber escrever com palavras-chave para ser melhor indexado. A essência da profissão e da mídia permanece. O que muda é a técnica.”

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